quarta-feira, 13 de novembro de 2019

AS EMOÇÕES NÃO SE ENSINAM, VIVEM-SE!




“Gosto de ti
Desde aqui até à Lua
Gosto de Ti
Desde a Lua até aqui
Gosto de ti
SIMPLESMENTE porque Gosto
E é tão bom viver assim!”
( André Sardet)



2019, séc. XXI, uma era marcada pela tecnologia que invadiu toda a nossa vida…  tablets, pc´s, iphone´s …  teclar ao invés de se conversar, teclar ao invés de se beijar, teclar ao invés de se mimar… esperem já nem é teclar, é “passar o dedo” por écrans , e sim já observei, em vários momentos, crianças bem pequenas a reproduzir esse gesto… o que andamos nós geração adulta a passar às nossas crianças?

Nós que temos nas nossas memórias tantos afetos …  o abraço dos nossos amigos, o colo da avó quando me contava uma história da sua memória, o beijo da mãe para tratar a ferida, a mão do pai que nos dava confiança para tudo enfrentar, o correr na rua, o sentir a chuva na cara, o som do “amola tesouras”… tantas memórias de afetos, de vivências, de Amor…





URGENTE… EMOÇÕES PRECISAM-SE!

E sim nos dias de hoje tudo é diferente e não devemos (nem conseguimos) ser radicais, mas podemos trazer mais vivências emocionais para este mundo tão racional… e pequenos passos podem fazer a diferença, e sim, nós (educadores, pais, amigos…) somos os modelos para as nossas crianças… mais que procurar ensinar EMOÇÕES, devemos VIVER EMOÇOES!



BOM DIA, BOA TARDE… Quando saio com um grupo para o exterior se passamos por alguém o que fazemos? Cumprimentamos… se eu cumprimento, e estimulo as crianças a fazerem-no acaba por se tornar em algo rotineiro para elas…  isto é viver emoções: cumprimento-te, olho para ti, vejo-te, sorrio… e em vários momentos em que estas situações se verificaram pude observar o “brilho “ no olhar de quem recebeu este cumprimento… mas não deveria fazer parte do relacionamento entre pessoas? … não se ensina a cumprimentar, cumprimentamo-nos!




GOSTO DE TI… é para usar e abusar, pelo menos não conheço nenhuma lei que o proíba, e deve fazer parte do nosso vocabulário quotidiano com as crianças, não devem ter qualquer inibição em dizê-lo, em senti-lo, e sim devemos estimula-las, entre si, a dizerem o que sentem uns pelos outros… e há momentos em que estão zangadas e não gostam tanto, e não tem mal nenhum, importante é sentir, e sentir em liberdade, sentir com verdade, e não ter vergonha de dizer GOSTO DE TI… não se ensina a dizer Gosto de TI, diz-se!




BEIJINHOS, BEIJOCAS, BEIJO COM BARULHO… o beijo deve surgir da vontade de cada um, também não sou apologista do beijar “obrigatório” pois isso tira a essência do que deve significar o beijar que deve ser uma manifestação de carinho, e não existe carinho por obrigação… numa fase inicial é perfeitamente normal a criança não nos querer beijar… quem és tu que chegaste agora à minha vida para estares a querer beijos meus? Tens de os merecer! E vai acontecer de um modo natural quando a criança sentir confiança para que tal aconteça, e quando acontece é muito especial porque é dado com sinceridade. Beijar é uma manifestação de afeto e não tem mal nenhuma manifestar o que estamos a sentir… há um jogo, o jogo das “beijocas” que gosto de fazer com o meu grupo, em que o beijo vai passando de bochecha em bochecha até voltar ao ponto de partida… a primeira vez que o fizemos parecia que nunca tinham dado um beijo, e na verdade, estamos juntos há quase dois anos e eu recebo muitas beijocas mas entre as crianças era algo ainda pouco estimulado, daí uma certa desconfiança, uns olhares de espanto… mas tal situação foi ultrapassada e já há o beijar de modo natural. E também houve a fase dos beijos silenciosos que passaram a ter som, o som bonito de uma beijoca bem repenicada na bochecha, o que treinamos a tentar imitar o chilrear dos passarinhos, e nada melhor do que a canção dos beijos (som) para treinar “ as melhores beijocas do mundo”!... não se ensina a beijar, beijamos!




ABRACINHOS, COLINHO … o abraço e o colo quase que se complementam, pois o abraço de uma criança é do melhor que há, é de corpo inteiro! Como uns bracinhos tão curtos (ainda) nos conseguem envolver como se nos tivessem a dar colo? Na minha modesta opinião isso acontece porque é um abraço completo de tudo, um abraço colo, às vezes um abraço cavalitas… mas seja de que modo for quando abraçamos estamos a acolher o outro em nós… um abraço, o espontâneo, o verdadeiro é aquele que parece que fala e nos diz” Estou aqui para ti!”… não se ensina a abraçar, abraçamos!






AS EMOÇOES ESTÃO À SOLTA!

E são tantos os recursos que podemos utilizar para estimular o Viver as Emoções:

- Canções

- histórias

- Imagens Reais

- Observações no Meio real

- jogos

- Observações no espelho

- Caixa do faz de conta

(…)



O limite é a Imaginação, e para a Imaginação não há limites!



Mais do que ensinar, nós, referências para as nossas crianças, devemos VIVER, com elas, momentos de Emoções, de Sentir… e não tem mal nenhum em Sentir e em fazer parte dos nossos dias: Gosto de ti, Amor, Abraçar, Colinho, Mimo, Beijocas… e que façam parte do seu percurso de Crescimento para que se tornem adultos EMOCIONALMENTE saudáveis!



“ A sorte da maior parte das crianças é terem sido bem abraçadas muitas vezes. Com base nisso ganham confiança num mundo amigável, mas, ainda mais importante, por terem sido abraçadas com AMOR são capazes de progredir rapidamente no seu crescimento emocional” (D.W. Winnicott.1987.pág62)



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