quarta-feira, 13 de novembro de 2019

AS EMOÇÕES NÃO SE ENSINAM, VIVEM-SE!




“Gosto de ti
Desde aqui até à Lua
Gosto de Ti
Desde a Lua até aqui
Gosto de ti
SIMPLESMENTE porque Gosto
E é tão bom viver assim!”
( André Sardet)



2019, séc. XXI, uma era marcada pela tecnologia que invadiu toda a nossa vida…  tablets, pc´s, iphone´s …  teclar ao invés de se conversar, teclar ao invés de se beijar, teclar ao invés de se mimar… esperem já nem é teclar, é “passar o dedo” por écrans , e sim já observei, em vários momentos, crianças bem pequenas a reproduzir esse gesto… o que andamos nós geração adulta a passar às nossas crianças?

Nós que temos nas nossas memórias tantos afetos …  o abraço dos nossos amigos, o colo da avó quando me contava uma história da sua memória, o beijo da mãe para tratar a ferida, a mão do pai que nos dava confiança para tudo enfrentar, o correr na rua, o sentir a chuva na cara, o som do “amola tesouras”… tantas memórias de afetos, de vivências, de Amor…





URGENTE… EMOÇÕES PRECISAM-SE!

E sim nos dias de hoje tudo é diferente e não devemos (nem conseguimos) ser radicais, mas podemos trazer mais vivências emocionais para este mundo tão racional… e pequenos passos podem fazer a diferença, e sim, nós (educadores, pais, amigos…) somos os modelos para as nossas crianças… mais que procurar ensinar EMOÇÕES, devemos VIVER EMOÇOES!



BOM DIA, BOA TARDE… Quando saio com um grupo para o exterior se passamos por alguém o que fazemos? Cumprimentamos… se eu cumprimento, e estimulo as crianças a fazerem-no acaba por se tornar em algo rotineiro para elas…  isto é viver emoções: cumprimento-te, olho para ti, vejo-te, sorrio… e em vários momentos em que estas situações se verificaram pude observar o “brilho “ no olhar de quem recebeu este cumprimento… mas não deveria fazer parte do relacionamento entre pessoas? … não se ensina a cumprimentar, cumprimentamo-nos!




GOSTO DE TI… é para usar e abusar, pelo menos não conheço nenhuma lei que o proíba, e deve fazer parte do nosso vocabulário quotidiano com as crianças, não devem ter qualquer inibição em dizê-lo, em senti-lo, e sim devemos estimula-las, entre si, a dizerem o que sentem uns pelos outros… e há momentos em que estão zangadas e não gostam tanto, e não tem mal nenhum, importante é sentir, e sentir em liberdade, sentir com verdade, e não ter vergonha de dizer GOSTO DE TI… não se ensina a dizer Gosto de TI, diz-se!




BEIJINHOS, BEIJOCAS, BEIJO COM BARULHO… o beijo deve surgir da vontade de cada um, também não sou apologista do beijar “obrigatório” pois isso tira a essência do que deve significar o beijar que deve ser uma manifestação de carinho, e não existe carinho por obrigação… numa fase inicial é perfeitamente normal a criança não nos querer beijar… quem és tu que chegaste agora à minha vida para estares a querer beijos meus? Tens de os merecer! E vai acontecer de um modo natural quando a criança sentir confiança para que tal aconteça, e quando acontece é muito especial porque é dado com sinceridade. Beijar é uma manifestação de afeto e não tem mal nenhuma manifestar o que estamos a sentir… há um jogo, o jogo das “beijocas” que gosto de fazer com o meu grupo, em que o beijo vai passando de bochecha em bochecha até voltar ao ponto de partida… a primeira vez que o fizemos parecia que nunca tinham dado um beijo, e na verdade, estamos juntos há quase dois anos e eu recebo muitas beijocas mas entre as crianças era algo ainda pouco estimulado, daí uma certa desconfiança, uns olhares de espanto… mas tal situação foi ultrapassada e já há o beijar de modo natural. E também houve a fase dos beijos silenciosos que passaram a ter som, o som bonito de uma beijoca bem repenicada na bochecha, o que treinamos a tentar imitar o chilrear dos passarinhos, e nada melhor do que a canção dos beijos (som) para treinar “ as melhores beijocas do mundo”!... não se ensina a beijar, beijamos!




ABRACINHOS, COLINHO … o abraço e o colo quase que se complementam, pois o abraço de uma criança é do melhor que há, é de corpo inteiro! Como uns bracinhos tão curtos (ainda) nos conseguem envolver como se nos tivessem a dar colo? Na minha modesta opinião isso acontece porque é um abraço completo de tudo, um abraço colo, às vezes um abraço cavalitas… mas seja de que modo for quando abraçamos estamos a acolher o outro em nós… um abraço, o espontâneo, o verdadeiro é aquele que parece que fala e nos diz” Estou aqui para ti!”… não se ensina a abraçar, abraçamos!






AS EMOÇOES ESTÃO À SOLTA!

E são tantos os recursos que podemos utilizar para estimular o Viver as Emoções:

- Canções

- histórias

- Imagens Reais

- Observações no Meio real

- jogos

- Observações no espelho

- Caixa do faz de conta

(…)



O limite é a Imaginação, e para a Imaginação não há limites!



Mais do que ensinar, nós, referências para as nossas crianças, devemos VIVER, com elas, momentos de Emoções, de Sentir… e não tem mal nenhum em Sentir e em fazer parte dos nossos dias: Gosto de ti, Amor, Abraçar, Colinho, Mimo, Beijocas… e que façam parte do seu percurso de Crescimento para que se tornem adultos EMOCIONALMENTE saudáveis!



“ A sorte da maior parte das crianças é terem sido bem abraçadas muitas vezes. Com base nisso ganham confiança num mundo amigável, mas, ainda mais importante, por terem sido abraçadas com AMOR são capazes de progredir rapidamente no seu crescimento emocional” (D.W. Winnicott.1987.pág62)



quarta-feira, 6 de novembro de 2019

De pés e cabeça nas nuvens! Quando a Magia acontece… é simplesmente… ESPECIAL




E chegamos ao fim de mais um projeto, o Projeto “Sobe, sobe Balão sobe” e é tempo de reflexão, de pensar no que tínhamos planificado, no que se concretizou, no que não se concretizou, no que surgiu além do planeado, na importância para cada criança, para cada grupo, para a instituição. É tempo de reflexão, um momento tão importante para o nosso crescimento enquanto profissionais e para o trabalho que desenvolvemos nas nossas salas, pensar no que fizemos, no que correu bem, no que correu menos bem, no que podemos melhorar… REFLETIR…



O Projeto “ Sobe, sobe Balão sobe”



No nosso Ninho dos Corujinhas acreditamos que é importante usufruir do que o Meio tem para nos oferecer, e na nossa vila de Coruche ocorreu o Evento Festival de Balonismo como já acontece há alguns anos. Além disso, na nossa zona,  é usual observar balões a flutuar no céu pois há uma empresa (Windpassenger) sediada em Coruche que promove esse tipo de experiências, e temos tido o privilégio de testemunhar esses momentos com as nossas crianças, e as reacções são sempre marcadas por uma alegria muito espontânea, um brilho no olhar de encantamento. E por isso mesmo, porque acreditamos que os projetos devem nascer do interesse/gosto das crianças, fazia-nos todo o sentido a realização deste projeto .



E tudo começa com uma canção…


Porque a música é um recurso que estimula, que motiva, que põem o corpo e consequentemente a alma a mexer, consideramos que seria o ponto de partida… e escolhemos “ Sobe, sobe, Balão sobe” de Manuela Bravo… um risco! Uma sonoridade diferente, uma música de outros tempos… mas a intenção foi mesmo essa, uma música que não fizesse parte do repertório infantil, mas que fosse apelativa ao ouvido, o que acontece sobretudo na parte do refrão. A canção base foi a original, no entanto, lançamos um desafio a alguns artistas para que nos enviassem as “suas “ versões, recebemos 5 partilhas ( Ana Roque; Mária Silva; Charanga os Batatas; Diana Silva; Laura Macedo e Coro Assecor), todas diferentes, e todas muito especiais, umas destacando mais voz, outra destacando mais parte instrumental, umas num estilo, outras noutro estilo, uma das apresentações foi ao vivo… e este desafio resultou em partilhas que enriqueceram em muito o projeto, e a música foi, de um modo natural, interiorizada pelas crianças, um aspeto curioso, no primeiro dia de Festival, ao observarem os balões as crianças começaram a cantar a música para ajudar os balões a voar...








Era uma vez…


Um outro recurso que utilizamos foi uma história, “ O Maior Balão do Mundo” uma adaptação da história o Nabo Gigante. O elemento principal foi um Balão Gigante, uma vez que durante o festival também foi apresentado o Maior Balão do Mundo, uma história simples em que integramos alguns animais incidindo na contagem dos mesmos, nos sons, também incluímos a parte da interajuda para se conseguir pôr o balão a voar… a história aparece com o objetivo de estimular a capacidade de IMAGINAR, de nos levar a voar pelo mundo do faz de conta. A história era composta por uma caixa mágica com vários elementos, a imagem real do Balão, imagens reais dos animais , o chapéu do sr Manel que o narrador utilizou durante a contagem da mesma, a nuvem fofa, lenços de cor (cor que o balão espalhou pelo céu). A história tinha uma certa sonoridade repetitiva…  1,2,3 e sopraram, sopraram… e foi muito facilmente interiorizada pelas crianças e começaram elas próprias a reproduzi-la.

Através da história todos fizemos viagens no Balão Gigante, brincamos nós próprios de balões a voar, o soprar para ajudar o Balão a subir ao céu, os sons dos animais… as histórias têm este poder de nos levar pelo mundo da Imaginação e por isso acreditamos que é um recurso muito importante. 





Exposição Balões Mágicos







O Balão Maior do Mundo é cheio de cor, e por isso mesmo queríamos brincar com cores, mexer em cor, escolher… e cada criança decorou um balão utilizando vários materiais de expressão plástica. Além disso, em conjunto, com todas as salas decoramos um Balão Gigante… mas achamos que poderíamos envolver mais parceiros, e lançamos um desafio ao CRIC (Centro de reabilitação e integração de Coruche), ao Centro de Dia de Coruche, ao Centro de Geriatria de Santo Antonino, à Academia de estudo CAD Coruche ( ATL), à associal Fajarda (centro de dia)… e todos procederam à decoração de um molde de balão e registo “ O que observo do Balão Mágico?”, trabalhos estes que integraram uma exposição que fizemos na entrada da nossa instituição, e que foi visitada por alguns dos parceiros, e foi bastante explorada pelas nossas crianças, e havia tanto para descobrir (cores, texturas…).

Com esta exposição os balões tornaram-se realmente mágicos, não eram meros elementos decorativos de vidros, eram recursos que permitiram muitas explorações. Além disso o envolvimento dos parceiros veio em muito enriquecer o projeto, e quando as colegas das instituições iam-nos dizendo como estava decorrer, o envolvimento dos seus utentes, o orgulho com que nos entregaram os balões comprovou isso mesmo… e a Partilha não se ensina, vive-se!  



O Desafio Musical e Desafio Balões Mágicos não estavam inicialmente planeados, mas acreditamos que as planificações devem ser abertas ao que poderá surgir, e podemos não realizar algo que tínhamos planeado, e fazer uma outra atividade, o importante é estarmos atentos ao que as crianças nos transmitem, ao modo como se envolvem no projeto, ao que podemos acrescentar ou retirar em função do significado que o projeto tem para elas, mais importante que cumprir rigidamente planificações, é viver na realidade os projetos… estes dois Desafios permitiram que o projeto deixasse de ser do Ninho dos Corujinhas e passasse a ser de todos os parceiros envolvidos… e que bom foi receber alguns a visitar a Exposição, e aos que não foi possível fomos nós visitar para partilhar a história, a canção, o projeto que afinal se tornou de todos nós…









E a Magia acontece…


E estar ao lado das nossas crianças a vê-las a observar os balões a Flutuar no céu… é um privilégio, as manifestações de alegria, os sorrisos, o apontar, o soprar, o cantarem a “nossa” canção… o começarmos por um projeto no Ninho dos Corujinhas e envolver vários parceiros, haver momentos de encontro entre gerações, haver partilha... é a Magia acontecer de um modo tão espontâneo… a isto se chama CRESCER FELIZ! 



domingo, 27 de outubro de 2019

QUERO TER LIBERDADE… para simplesmente BRINCAR!



Sábado tarde, uma tarde outonal com aquele solinho baixo e uma brisa amena.  O que apetece? Vamos pegar nos miúdos e sair de casa, vamos sem rumo… e fomos! Sem planos traçados, apenas passear e aproveitar para estarmos juntos… uma REGRA: nada Centros Comerciais, seria um atentado a uma excelente tarde de Outono… e fomos, sem rumo, dar a Alcochete, apetecia-nos ver água e como as praias ainda ficam distantes, foi uma alternativa que não obrigou a deslocações demoradas em que passamos mais tempo de carro do que propriamente a usufruir do Meio, e ainda que o cenário de fundo fosse a Cidade de Lisboa, há a Reserva Natural do Estuário do Tejo que nos permite observações muito interessantes… um passeio pela zona ribeirinha de Alcochete…  a imensidão do Tejo, as gaivotas, os barquinhos, uma marginal bem agradável para um passeio sem rumo… os miúdos a chutar bola, os pais a caminhar e na converseta … 





O parque infantil

Junto zona ribeirinha há um parque infantil, curiosamente com elementos com muita ligação a Alcochete e à tradição tauromática, um escorrega em forma de Touro, os baloiços com  bandarilheiros… os miúdos quiseram ir brincar para o parque, e lá fomos nós, ainda que a caminhada sem rumo estivesse a ser tão boa…


O parque, a obedecer ao mais do mesmo de todos os parques atuais, borracha e grades… uma “jaula emborrachada”, em redor zona de bancos (supostamente para adultos) … sentei-me e observei (mesmo que queira evitar faz parte de mim)… observei como mãe, como cidadã, como profissional de educação… OBSERVEI E REFLETI…

Eu e o pai ficamos na zona exterior ao parque, nos “bancos de adultos”, os miúdos foram experimentar o parque… no interior do parque já estava algum “engarrafamento de adultos” , um casal com uma miúda com seus 7 anos que supervisionavam milimetricamente todos os seus passos de braços levantados não fosse ela cair, uma senhora que fazia também o acompanhamento de uma menina de cerca 5 anos, um casal e senhora mais velha que se dividiram para acompanhar um menino com cerca 3 anos, uma menina que brincava sem supervisão “sombra” (avó estava telefone num dos bancos)com outro menino (pais estavam no exterior)… as crianças com supervisão “sombra” não estavam a explorar o espaço livremente, nem podiam! E se uma dessas crianças ficasse simplesmente sentada por uns segundos no cimo do escorrega (de onde se pode observar o topo do Mundo) ou levava com os olhares “fulminantes” da criança que atrás de si quer escorregar (obviamente de mão dada com o adulto), ou levava um ralhete da sua sombra que também já olhava de “lado” para as sombras da outra criança…

E a duas crianças que brincavam mais livremente? A brincadeira era apanhar todos os paus e pauzinhos, rebolarem-se no chão… mas lá vinha grito de aviso pai do menino “ Não te quero deitado no chão”… mas estes eram rebeldes e apesar avisos, sobretudo pais do menino pois a avó da menina estava na “dela”, iam contornando as regras impostas no parque “ emborrachado” encontrando elementos que a Natureza tinha mandado para lá, uns pauzinhos, umas folhas… que alegria explorar aqueles tesourinhos… e quando o menino diz para a menina “ Já temos tudo, falta a areia”… ela responde “ O QUE É AREIA??”… Fiquei verdadeiramente assustada com aquela resposta... eu que fui da geração de bolinhos de areia, eu que chegava casa com sapatos com quilos de areia… e pensei para mim “ EU FUI DA GERAÇÃO QUE BRINQUEI LIVREMENTE”… que mundo é este? Temos toda a LIBERDADE mas não deixamos as gerações mais novas serem livres… é verdadeiramente ASSUSTADOR!

Tal como refere o professor Carlos Neto (recomendo leitura de todo o texto)

“ Estamos a criar crianças totós de uma imaturidade inacreditável”

 ( Carlos Neto: https://observador.pt/especiais/estamos-a-criar-criancas-totos-de-uma-imaturidade-inacreditavel/)





Pensamentos de mãe…

Tenho 2 filhos, um de 9 anos e um de 4 anos, e tal como todos os pais desejo o melhor para eles, desejo que sejam crianças Felizes… mas sim também eu por várias vezes tenho desempenhado o papel de “sombra”, mas podemos nós evitar que caiam? Que esfolem joelhos? NÃO… faz parte da vida, e tentar evitar estas situações estamos a criar crianças pouco autónomas, com receio de tudo e de nada… estamos a impedir que sejam LIVRES! E há soluções? Na minha opinião passa por nós termos capacidade de observar no que se passa à nossa volta e conseguirmos refletir sobre o nosso papel como pais… foram os nossos pais maus pais por nos permitirem “esfolar os joelhos”? Como mãe… assumo que não é fácil, não há receitas…



Pensamentos de educadora…

“ O que é Areia?”… que assustador… mas é real… trabalhei com vários grupos que perante areia a atitude era de nojo perante aquela textura “estranha”… e essa foi uma das razões que quando avancei com Projeto Ninho dos Corujinhas tínhamos de ter uma zona de Areia, a nossa “praia”… além disso frente ao nosso espaço há um campo que é um verdadeiro tesouro, tem árvores, areia, pedras, paus e permite vivências únicas aos pequenotes, de contato com a Natureza, por isso o ir ao terreno é algo que faz parte da nossa rotina diária e observá-los nesse contexto é tão enriquecedor, o correr naturalmente , caem e levantam-se, desenhar com paus, brincar com caracóis como se de bonecos se tratassem… o simplesmente BRINCAR…


“Brincar não é só jogar com brinquedos, brincar é o corpo estar em confronto com a natureza, em confronto com o risco e com o imprevisível, com a aventura.    (Carlos Neto)




Que as novas gerações tenham a possibilidade de simplesmente BRINCAR livremente e criar as suas próprias memórias, que nós, adultos “sombras” tenhamos a capacidade de refletir sobre os nossos papéis, sobre as nossas atitudes e as consequências no percurso de crescimento das nossas crianças… finalizo com uma dúvida: E que pais serão estas crianças dos dias de hoje? 








sexta-feira, 11 de outubro de 2019

De pés e cabeça no ar … e não comemoramos o dia do Animal? E o dia da Música? E o Outono? E Isto? E Aquilo?



Não comemoramos Dia do Animal porque animais não existem apenas um dia por ano, não comemoramos o Dia da Música porque música faz parte de todos os nossos dias, e sim comemoramos isto e aquilo quando faz sentido ao nosso grupo de crianças que esses temas sejam abordados e não para seguir dias instituídos socialmente que nos fazem parecer ovelhinhas que seguem todas o mesmo caminho… ainda bem que há ovelhas que saem do caminho e vão pelos atalhos, porque pelos atalhos descobrimos caminhos verdadeiramente MÁGICOS!



PROJETO SOBE, SOBE BALÃO SOBE…





Eu e os balões Mágicos…

Nas minhas memórias de criança o balão de ar quente apenas faz parte dos desenhos animados A volta ao mundo em 80 dias de Willy Fog… para mim era algo irreal… 

A primeira vez que observei um balão ar quente ao vivo e cores já eu era uma adolescente, lembro-me desse momento e do que senti, um misto de medo e encantamento, aquele balão gigante que curiosamente ia ficando mais pequeno conforme subia rumo ao céu… e era real mas igualmente MÁGICO…

O projeto “ Sobe, Sobe balão sobe”…
Na nossa vila de Coruche é possível observar balões de ar quente a Flutuar pelo céu, seja no Festival de Balonismo ou em voos isolados. E sempre que as crianças têm oportunidade de observar o balão no céu é muito especial… o brilho no olhar, o sorriso de felicidade, o apontar, o comentar… é sempre um momento muito especial que temos o privilégio de viver ao seu lado, e permite-nos abordar temáticas das diversas áreas de conteúdo, como por exemplo o tamanho (grande/pequeno), as cores, o simular que estamos a voar, o soprar para o vento levar o balão, contagens… e desperta nas crianças e em nós adultos um brilho no olhar muito especial…
Em 2018 foi um projeto que desenvolvemos integrando o Evento Festival de Balonismo, e dado ao interesse revelado pelas crianças, neste ano letivo será um projeto que voltaremos a desenvolver, é um projeto que nos vai possibilitar “ Viver Coruche” (tema do nosso projeto Pedagógico) e envolver-nos num Evento tão importante para a nossa vila.
“É nos contextos sociais em que vive, nas relações e interações com outros e com o meio que a criança vai construindo referências, que lhe permitem tomar consciência da sua identidade e respeitar a dos outros, desenvolver a sua autonomia como pessoa e como aprendente, compreender o que está certo e errado, o que pode e não pode fazer, os direitos e deveres para consigo e para com os outros, valorizar o património natural e social.”(OCEPE.pág.33)




As atividades…
E tudo começa com a canção “ SOBE, SOBE, BALÃO SOBE” ( Manuela Bravo)… a área da expressão musical desperta desde logo o interesse das crianças que se manifesta em todo o movimento do Corpo e por isso será a base do projeto, no entanto, procuraremos desenvolver as várias áreas de conteúdo de um modo integrado, de qualquer modo, temos uma planificação base que nos orienta mas que não é fechada, pelo contrário, vai decorrendo conforme os interesses ou não das crianças, quantas vezes não planificamos uma atividade e as crianças nos conduzem por um outro caminho? E que positivo isso é pois quando lhes desperta o interesse maior o seu envolvimento… mas não é assim que deve ser?


DESAFIO Musical…
Para um maior envolvimento da comunidade, e também para enriquecer musicalmente o projeto lançamos um desafio via Facebook, que nos enviem versões da canção “Sobe, sobe Balão sobe”… versões apenas com instrumentos, versões com voz , versões com instrumento e voz… e pedimos a alguns artistas que colaborassem… vamos aguardar!
DESAFIO Balões Mágicos…
Pedimos a colaboração de vários parceiros para que decorassem um molde de balão ar quente e escrevessem “ Do meu balão eu vejo…”, e após a entrega dos balões faremos uma exposição na entrada da nossa instituição para a qual vamos convidar todos os envolvidos. As parcerias enriquecem os projetos pois permitem-nos partilhar atividades, momentos… traduzem-se em vivências tão especiais para quem participa.





O nosso Ninho dos Corujinhas e parceria com o evento FESTIVAL BALONISMO CORUCHE 2019
Em 2019 além de ser um Projeto que vamos desenvolver com os nossos pequenotes, também estabelecemos uma parceria e iremos assegurar , a 1,2,3 novembro, o serviço de Babyssiting GRATUITO a quem for usufruir dos voos de Balão de ar quente ou participar da Caminhada. Consideramos que para nós instituição é importante também este envolvimento com o que localmente ocorre na nossa vila, será um tipo de serviço diferente do que prestamos diariamente mas consideramos que é uma mais valia a nível de valorização do meio de que fazemos parte… um “abrir” do Ninho a quem nos visita para usufruir de algo tão especial e que poderá ter um local de confiança onde deixar os pequenotes, e após o voo usufruir das várias atividades que irão decorrer na nossa vila.

A PARCERIA…
QUE AVENTURA … vamos andar com pés e cabeça no céu!! O Projeto Pedagógico do Ninho dos Corujinhas tem como tema "Viver Coruche" e por isso vamos, todos juntos, viver o Evento Flutuar - III Festival Balonismo Coruche by Cepsa… de 20 outubro a 3Novembro, na nossa Vila de Coruche vai ocorrer o Evento Flutuar - III Festival Balonismo Coruche by Cepsa e o Ninho Dos Corujinhas vai estar presente através SERVIÇO DE BABYSSITING GRATUITO (DIA 1,2 E 3 novembro)
Quem pode usufruir? Exclusivamente crianças que acompanham adultos participantes em voos de balão de ar quente durante o festival ou durante a realização da III Caminhada Festival Balonismo…
Para mais informações :
https://festival.windpassenger.pt/pt/babysitting/

VENHA A CORUCHE USUFRUIR DESTE EVENTO QUE VAI ENCHER O CÉU DE CORES… No Ninho dos Corujinhas garantimos, com toda a qualidade, momentos de SER FELIZ ao seu pequenote!!  Há desculpas para não vir ao III Festival Balonismo Coruche???

E assim… em modo FLUTUAR por atalhos … TODOS JUNTOS, A CRESCER SOMOS FELIZES!


Vamos dando novidades…

quarta-feira, 21 de agosto de 2019

ESPELHO MEU, ESPELHO MEU QUE EDUCADORA SOU EU?



Chegamos ao final de mais um ano letivo, é tempo de parar e REFLETIR! A verdade é que passamos todo o ano letivo a fazê-lo pois é a base do nosso trabalho, mas agora é tempo de olhar para o caminho percorrido e pensar sobre o mesmo, no que podemos melhorar, no que não correu tão bem, no que correu melhor que o previsto… REFLETIR PARA CRESCER!

Para mim foi um ano cheio de TANTO, o ano em que troquei o meu emprego estável pelo incerto, abracei o meu projeto Ninho dos Corujinhas e contei com a equipa Ninho  , com a minha família, com as famílias que a nós confiaram os seus filhotes, com os todos os parceiros que colaboraram nos vários projetos que desenvolvemos … sem os quais não seria possível percorrer o caminho que fizemos durante este ano letivo.

FOI FÁCIL! Não foi fácil, exigiu muito de cada uma de nós, uma entrega de verdade, como profissionais, como pessoas por este nosso projeto… quando o Ninho dos Corujinhas era ainda um Sonho com possibilidade de se tornar real, um dos meus objetivos era seguir o caminho em que acreditava como profissional, se não fosse para isso, se fosse para fazer “mais do mesmo” não valia a pena… o caminho que pretendia para o meu projeto era aquele em que acreditava e que já seguia nas salas por onde passei, os meus “quadrados de felicidade”, nos quais fui muito feliz com as “minhas” crianças e famílias, onde me fui encontrando como Educadora, mas que, em determinado momento senti que não havia espaço para “voar” e sentia-me a “sufocar”… a obrigatoriedade de se cumprir dias estipulados, atividades copiadas da net que surgiam sem qualquer fundamentação, o fazer para ficar bonito, o valorizar o decorar ao invés do educar, o não ter em conta o principal: A CRIANÇA/GRUPO… estava a sentir-me a “Desencantar”…

O Ninho dos Corujinhas que eu apenas tinha ousado Sonhar, concretizou-se e sim tive muito Medo, havia muita coisa envolvida, mas uma certeza absoluta… um AMOR por aquilo que faço, ser Educadora é bem mais do que um emprego, é um privilégio…mas Amor não alimenta “barrigas”, e sim foi arregaçarmos as mangas e mergulhar no projeto, sem medos, a fazer o que acreditamos, e se vai contra o “normal” que assim seja ( institucionalizado pela sociedade só porque sim, com argumento “ faz-se há muitos anos assim por isso é para fazer assim)… no Ninho estou a ser a mesma Educadora que era com a diferença que agora tenho toda uma instituição envolvida e não apenas um “quadrado de sala”… e sim trabalho muito mais, toda a equipa desempenha vários papeis, ora somos educadoras, ora fazemos limpeza, ora abrimos porta, ora fechamos porta… mas tudo isto me fez CRESCER como Educadora, como pessoa…

ACREDITAR… acredito muito no nosso projeto, acredito numa educação em que é possível TODOS JUNTOS CRESCERMOS FELIZES… e é tão simples… primeiro, e muito importante, OBSERVAR a criança/grupo, é a base, os projetos que desenvolvemos ao longo deste ano partiram das observações que fizemos, e a partir daí foi procurar aproveitar o que o meio tinha para nos dar de modo a estimular a Curiosidade das crianças, o fazerem as suas próprias descobertas, explorações, partilhas ou não partilhas, e acompanhar cada criança no seu percurso de crescimento é um privilégio, o permitirem-nos estar ao seu lado, possibilitando-nos também a CRESCER como profissionais… 

REFLEXÃO PERMANENTE… para alguns uma virtude, para outros um defeito, para mim é uma parte de mim. A Observação e Reflexão foi algo que foi estimulado durante a fase da minha formação inicial do curso Professores 1ciclo, tantas foram as observações e reflexões que realizaei… era algo que não apreciava, tinha muita dificuldade em centrar o meu olhar e o refletir exigia um enorme exercício de sair do visível… mal sabia eu que seriam ferramentas que me iam ser tão uteis e que passariam a fazer parte de mim… E foi durante a formação como Educadora de Infância que realmente percebi a importância da Observação e da Reflexão… é através da Observação que percebo cada criança e o grupo, é o que me permite que nos encontremos mutuamente, a criança permite que eu esteja ao seu lado quando sente que eu estou ali de verdade, que eu a observo e “leio” quer através das palavras mas também pela sua linguagem corporal. A Observação é a base para o caminho que vamos percorrer tendo em conta os gostos e interesses da (s) criança (s), e é a partir da reflexão do que observo que planifico esse mesmo caminho, do qual emergem tantos novos caminhos, e a isto se chama CRESCER…



ESFORÇO… nada na vida se consegue sem esforço, e é isso que nos faz crescer e valorizar o nosso caminho… trabalhar com crianças exige diariamente de nós, cada dia deve ter um sentido, o que fazemos não deverá ser apenas porque alguém fez ou para “ficar bem” , e isso implica mobilizar todos os recursos em função dos projetos de modo a terem qualidade, a serem estimulantes para as crianças.

AFETOS…  na relação com cada criança, com o grupo, com as famílias é impossível não ter como base os afetos… não somos robots, somos pessoas e SENTIR faz parte… uma família que nos entrega o seu “tesourinho” confia em nós, e que difícil é deixar um filho a chorar nos braços de alguém e ter de virar costas, e nós, profissionais de Educação temos o dever de dar mais que o nosso melhor, conquistar cada criança, cada família, dando-nos sem receios… “ não se deve dar colo que ficam mal habituados”, são frases ignorantes que ainda ouvimos nos dias de hoje… a nossa relação com a criança deverá ser feita de afetos, de dar colo sempre que tiver de se dar, de dizer sim mas também de dizer não, para quando for tempo de não se tivermos uma relação que tem como base os afetos a criança perceber os limites… não se estabelecem regras cortando nos afetos, pelo contrário, se entre nós e a criança houver uma relação emocional saudável quando manifestamos que algo que fez não é o correto ela vai perceber pela nossa postura de desagrado… assim como nós a vamos perceber se algo nosso não for do seu agrado… mas colo, mimo, beijocas devem fazer parte dos nossos dias… e que bem que sabe quando passamos aquela fase de não queremos ir com pais, ou quando nos começam a imitar, ou quando o nosso nome é um dos primeiros a ser proferido… manifestações afectivas da criança que nos fazem acreditar que vale pena percorrer o caminho em que acreditamos, um caminho em que o mais importante é que a CRIANÇA cresça Feliz!
















Um dia escrevi “ No dia em que eu disser SOU EDUCADORA será o dia em que deixarei de CRESCER” por isso quero continuar a crescer como Educadora porque não há receitas, não há crianças iguais, não há famílias iguais, o meio está sempre em mutação… por isso a Educadora que sou agora, amanhã estará diferente porque tem de se adaptar a cada criança, a cada grupo, a cada família …

Espelho meu, espelho meu que EDUCADORA SOU EU? HOJE sou uma Educadora em crescimento que ainda tenho muito caminho para percorrer ao lado dos nossos Corujinhas, das nossas famílias … Sou muito Feliz e sinto-me uma privilegiada todos os dias por me ser permitido acompanhar cada criança no seu percurso de crescimento… e SIM tenho medos, coloco muitas dúvidas sobre o rumo a seguir… mas também faz parte do meu Crescer como profissional, e como pessoa… porque uma certeza a Educadora e a Pessoa são apenas uma, não consigo, nem quero separá-las… fazem parte de quem sou… 



Ao longo destes anos como Educadora recebi das “minhas famílias” tantas palavras/abraços/mimos que me deram muita Energia, que bom é Sentir que marcamos aquela família pelo caminho que percorremos com a sua criança… “ Ana ela não pára cantar o Bom Dia”; “ Está sempre a chamar a Nana”… faz-nos sentir que estamos a seguir o rumo certo e que devemos a dar tudo de nós…

Partilho esta mensagem que me foi enviada recentemente pela mãe da Nonô que foi a primeira bebé a entrar no Ninho dos Corujinhas, a qual levei logo para a Feira do Livro e cuja confiança que os pais depositaram em nós para que tal acontecesse foi algo muito ESPECIAL… e cada uma das nossas crianças, das nossas famílias é que nos permitem CRESCER como Educadores… histórias, momentos que ficam em nós na “caixinha dos momentos MÁGICOS”… um OBRIGADA a todos os que me ajudam diariamente a construir-me como Educadora



“ A Nôno era muito pequenina quando a deixei na escola pela 1a vez, tinha 5meses passados a correr, e o meu maior receio era q ela ficasse a chorar o dia todo, mas não... ela ADORA a escola e muito se dve á educadora “Nana” q faz de tudo para q cada dia seja diferente e super divertido... ter uma educadora q estimula e puxa pelos nossos filhos é sem dúvida um privilégio. Vejo a escola como um investimento para a minha filha, tendo como principal objetivo a evolução e a Ana nisso é imbatível. Obrigada” ( Mãe Margarida)



A Educadora que pretendo ser? 
SIMPLESMENTE FELIZ!