quarta-feira, 3 de abril de 2019


CHEGUEI À CRECHE! Mãe, pai vão deixar-me aqui?


Antes da entrada da criança na Creche, nós, profissionais de Educação preparamos tudo ao pormenor, reunimos com as famílias, procuramos obter todas as informações que nos possam ajudar a dar o nosso melhor, cada pormenor pode fazer a diferença… e chega o DIA! É fácil ? NÃO… temos os pais e todas as inseguranças que compreendemos, estão a deixar-nos os seus “tesourinhos” … temos a criança que nos olha com aquele olhar que diz “ Mas quem és tu?”… e para mim, a Educadora é fácil? Não… ponho o meu melhor sorriso ( um sorriso que deverá ser equilibrado, nada de exageros!)… e sim tenho monte de borboletas na barriga mas tenho o dever de passar tranquilidade… e ligo todos os Sentidos, as minhas melhores “ferramentas” … eu, a criança e os pais… ali estamos nós, os primeiros momentos no nosso espaço… é o momento de eu os receber o melhor possível procurando passar confiança a ambos…

E chega o momento da saída dos pais… que difícil este momento… por mais confiança que lhes seja transmitida, por mais acolhedor que seja o espaço, por mais isto ou aquilo, é o seu filho /filha que estão a deixar , alguém com que compartilharam tantos dias… uma parte muito importante de si… quando se fecha a porta e está na hora de irem e deixar a criança não é fácil ( mas serão capazes de superar pois faz parte do crescer  da sua criança)…

E a criança… há diferentes forma de reagirem nesta fase inicial… há crianças que choram e agarram pais com todas as suas forças, outras ficam no nosso colo envolvidas pela novidade daquela realidade, umas permanecem no mesmo pedacinho de espaço sem se moverem um milímetro que seja, outras começam circular por todo o espaço, umas procuram o nosso colo, outras não querem qualquer contato físico… o importante? RESPEITAR cada criança, observá-las, percebê-las e ir conquistando-a segundo as suas regras…

Para mim, a Educadora… custa-me ver o sofrimento desta fase de adaptação, quer dos pais como das crianças, mas tendo em conta o que fui vivenciando ao longo dos anos, acredito que faz parte, o choro, algo tão difícil de observar, é afinal modo de “deitar cá para fora” o que estão a sentir, não estou afirmar que chorar é bom, chorar é um modo de se expressarem, e sim têm direito de não querer, de reagir… acalmar o choro, conquistar, transmitir confiança é o ponto de partida… o início da nossa relação, mas sempre respeitando cada criança…

Para mim, são dias muito cansativos física e emocionalmente, exige-nos ter a nossa capacidade de Observação em alerta máximo, saber “ler” o que cada criança nos manifesta é crucial pois só assim nos conseguimos adaptar a cada uma, há que respeitar o tempo e espaço de cada criança, não forçar, estar quando a criança quer que estejamos, e felizmente, nesta relação que vamos estabelecendo vamos criando cada vez mais laços com a criança e consequentemente com os pais… e sabe tão bem quando acalmam no nosso colo, quando se aninham em nós, quando nos presenteiam com sorrisos tão autênticos, quando nos puxam o cabelo carinhosamente, quando nos permitem entrar nas brincadeiras…

A fase adaptação, quer para a criança como para os pais, quer também para nós profissionais de educação, faz parte… não é fácil, mas o tudo que virá depois compensa, o vê-los crescer a cada dia, o vê-los bem e felizes !